Revista Científica UDO Agrícola Volumen 7.
Número 1. Año 2007. Páginas: 74-78
Cultivares
de pereiras em diferentes porta-enxertos de marmeleiros em região subtropical
Cultivars of pear
trees grafted in different quince tree rootstock in subtropical area
Cultivares de peras
injertadas en diferentes patrones de membrillos en región subtropical
Rafael
PIO 1,
Wilson BARBOSA2, Edvan ALVES CHAGAS3, Fernando Antônio
CAMPO DALL’ORTO3, Mário OJIMA4 e Orlando RIGITANO4&
1Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE. Rua Pernambuco, nº
1777, Caixa Postal 1008, Centro,
85960-000, Marechal Cândido Rondon-PR, Brasil. 2Centro Experimental Central, Instituto
Agronômico - IAC. Caixa Postal
28, 13001-970, Campinas-SP, Brasil. 3Centro Avançado de Pesquisa
Tecnológica do Agronegócio de Frutas,
Instituto Agronômico - IAC. Av. Luiz Pereira dos Santos, 1500, Corrupira,
13214-820, Jundiaí-SP, Brasil e 4Seção de Fruticultura de Clima
Temperado, Instituto Agronômico – IAC. & In Memorian. E-mails: rafaelpio@hotmail.com; wbarbosa@iac.sp.gov.br; echagas@iac.sp.gov.br e facampo@iac.sp.gov.br
Autor para correspondência
Recibido: 31/03/2007 |
Fin de primer arbitraje: 04/06/2007 |
Primera revisión recibida: 04/08/2007 |
Fin de segundo arbitraje: 21/08/2007 |
Segunda revisión recibida: 28/08/2007 |
Aceptado:31/08/2007 |
RESUMO
A
procura por cultivares de pereira para regiões subtropicais vem se
intensificando no Brasil. No entanto, as informações ainda são escassas,
principalmente sobre o comportamento de pereiras rústicas sobre porta-enxertos
de marmeleiros para as regiões de inverno ameno. Assim, o presente trabalho foi
realizado com o intuito de verificar o comportamento de alguns cultivares de
pereira adaptadas ao clima subtropical sobre diferentes porta-enxertos de
marmeleiro. Enxertaram-se três cultivares de pereira (IAC 16-28 ‘Seleta’, IAC
9-3 ‘Primorosa’ e IAC 16-33 ‘Culinária’) sobre estacas enraizadas de quatro
cultivares de marmeleiro (‘Portugal’, ‘Cheldow’, ‘Champion’ e ‘Mendoza Inta-
Palavras
chave: Pyrus communis, Cydonia oblonga, enxertia.
ABSTRACT
The search for pear
cultivar in subtropical areas is intensifying in Brazil, however, the
information is still scarce. Besides, there is a lack of information about the
behavior of rustic pear trees on quince rootstock. Thus, the present work was
carried out to aim of verifying the behavior of some pear tree cultivars
adapted to subtropical climate on different quince tree rootstocks. Three pear
tree selections were grafted (IAC 16-28 ‘Seleta’, IAC 9-3 ‘Primorosa’ and IAC
16-33 ‘Culinária’) on root cuttings of four quince tree cultivars (‘Portugal’,
‘Cheldow’, ‘Champion’ and ‘Mendoza Inta-
Key words:
Pyrus communis, Cydonia oblonga, grafting.
RESUMEN
La búsqueda por
cultivares de peras para regiones subtropicales se viene intensificando en
Brasil, sin embargo, las informaciones son todavía escasas. Además, existe una
falta de información sobre el comportamiento de peras rústicas sobre patrones
de membrillos para las regiones de invierno ligero. Así, el presente trabajo se
realizó con el objetivo de verificar el comportamiento de algunas cultivares de
pera adaptados al clima subtropical sobre diferentes patrones de membrillo. Se
injertaron tres cultivares de pera (IAC 16-28 ‘Seleta’, IAC 9-3 ‘Primorosa’ y
IAC 16-33 ‘Culinária’) sobre estacas enraizadas de cuatro cultivares de
membrillo (‘Portugal’, ‘Cheldow’, ‘Champion’ y ‘Mendoza Inta-
Palabras clave:
Pyrus communis, Cydonia oblonga, injerto.
INTRODUÇÃO
O Brasil produz cerca de 20 mil toneladas
anuais de pêras das espécies Pyrus communis e P. serotina,
porém consome quase dez vezes mais, equivalente a
Vários problemas técnicos e
ecofisiológicos vêm limitando o cultivo econômico da pereira tipo européia no
Brasil, destacando-se o abortamento de gemas, insuficiência de frio hibernal e
falta de porta-enxertos adequados. No caso especifico do programa de
melhoramento genético de pereira do Instituto Agronômico, Brasil, tem se
objetivado a obtenção de híbridos adaptados às regiões subtropicais, reunindo
as características de alta qualidade dos frutos e rusticidade das plantas. Em
mais de 50 anos do programa de melhoramento genético, foram desenvolvidas
várias seleções promissoras. Até 2007, foram lançadas sete cultivares do tipo
européia, adaptadas a regiões de inverno ameno. São elas: ‘Seleta’, ‘Triunfo’,
‘Tenra’, ‘Primorosa’, ‘Centenária’, ‘Princesinha’ e ‘Culinária’, todas obtidas
tendo como parental a pereira ‘Packham’s Triumph’, cultivar com regular
adaptação ao clima subtropical do Brasil (Campo Dall’Orto et al., 1996).
O cultivo da pereira apresenta
dificuldades associadas à necessidade de reduzir o porte das plantas, com isto,
a utilização de porta-enxertos francos (oriundos se propagação sexual) vem
sendo substituído por porta-enxertos de marmeleiro (Cydonia oblonga Mill.).
Segundo Ramos et al. (1990),
os marmeleiros são interessantes alternativas de diversificação de
porta-enxertos para as pomoídeas, e são comumente usados nos países europeus.
A redução do porte da planta é um dos
aspectos principais na propagação por enxertia. Plantas de menor porte
favorecem os tratos culturais e ainda permitem o adensamento das plantas. Além
da utilização da técnica da enxertia, a utilização de porta-enxertos de gênero
diferenciado vem a favorecer ainda mais a redução do porte da planta, pela
menor afinidade entre os tecidos do câmbio (Hartmann et al., 2002). A procura por cultivares de
pereira para regiões subtropicais vem se intensificando no Brasil, no entanto,
as informações são ainda escassas. Além do mais, há carência de informações
sobre o comportamento de pereiras rústicas sobre porta-enxertos de marmeleiros
para as regiões de inverno ameno. Nesse contexto, o presente trabalho foi
realizado com o intuito de verificar o comportamento de alguns cultivares de
pereira adaptados ao clima subtropical sobre diferentes porta-enxertos de
marmeleiro.
MATERIAL E
MÉTODOS
Foram
recolhidas estacas lenhosas dos marmeleiros ‘Portugal’, ‘Cheldow’, ‘Champion’ e
‘Mendoza Inta-
Em julho do ano seguinte, na plena
dormência das plantas, quando as brotações dos marmeleiros apresentavam
Utilizou-se
o delineamento de blocos ao acaso, com cinco repetições e três plantas por
parcela. Após cinco anos do plantio, foram avaliados o número e peso médio de
frutos, a produção e produtividade. Os dados foram submetidos à análise de
variância e as médias ao teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade de erro
(Gomes, 2000). As análises estatísticas foram realizadas pelo programa
computacional Sistema para Análise de Variância - SISVAR (Ferreira, 2000).
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
Apesar dos cultivares de pereira terem apresentado
comportamento bem similar, ‘Primorosa’ destacou-se entre os demais cultivares
Tabela 1. Número e peso médio de frutos
(g) por planta de cultivares de pereira
enxertadas em estacas enraizadas de diferentes cultivares de marmeleiro após
cinco anos do plantio. Instituto Agronômico (IAC), Campinas-SP, Brasil, 2007. |
||||||
Marmeleiros porta-enxerto |
Variáveis analisadas*/Cultivares de
pereira |
|||||
Número médio de frutos |
Peso médio por fruto (g) |
|||||
‘Seleta’ |
‘Primorosa’ |
‘Culinária’ |
‘Seleta’ |
‘Primorosa’ |
‘Culinária’ |
|
‘Portugal’ |
4,6 Ba |
17,4
Ab |
19,6
Ac |
107,6 Aa |
125,4 Aa |
122,6 Aa |
‘Cheldow’ |
16,2
Ba |
25,4
Ab |
28,0
Ac |
85,8 Ba |
117,2 Aa |
106,8 Aa |
‘Champion’ |
12,0
Ba |
44,0
Aa |
42,6
Ab |
82,2 Ba |
136,0 Aa |
75,6 Bb |
‘M. Inta- |
20,2
Ca |
54,6
Ba |
69,5
Aa |
74,4 Ba |
137,4 Aa |
83,0 Bb |
C. V. (%) |
25,50 |
25,09 |
||||
* Médias seguidas da mesma letra em maiúsculo na
linha e em minúsculo na coluna, não diferem significativamente entre si pelo
teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. |
Tabela 2. Produção
(Kg por planta) e produtividade média (Kg/ha) de cultivares de pereira
enxertadas em estacas enraizadas de diferentes cultivares de marmeleiro após
cinco anos do plantio. Instituto Agronômico (IAC), Campinas-SP, Brasil, 2007. |
||||||
Marmeleiros porta-enxerto |
Variáveis analisadas*/Cultivares de
pereira |
|||||
Produção (Kg/planta) |
Produtividade (t/ha) |
|||||
‘Seleta’ |
‘Primorosa’ |
‘Culinária’ |
‘Seleta’ |
‘Primorosa’ |
‘Culinária’ |
|
‘Portugal’ |
0,49
Ba |
2,93
Ab |
2,40
Ab |
0,61
Ba |
3,66
Ab |
3,00
Ab |
‘Cheldow’ |
1,39
Ba |
3,66
Ab |
2,99
Ab |
1,73
Ba |
4,57
Ab |
3,73
Ab |
‘Champion’ |
0,98
Ca |
5,98
Aa |
3,22
Bb |
1,22
Ca |
7,47
Aa |
4,02
Bb |
‘M. Inta- |
1,50
Ba |
7,50
Aa |
5,76
Aa |
1,87 Ba |
9,37
Aa |
7,20
Aa |
C. V. (%) |
26,55 |
21,31 |
||||
* Médias seguidas da mesma letra em maiúsculo na
linha e em minúsculo na coluna, não diferem significativamente entre si pelo
teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. |
Vale realçar que a pereira ‘Primorosa’ é um dos
principais cultivares selecionadas pelo Instituto Agronômico, por suas
características de elevada produção, rusticidade e precocidade de produção,
sendo uma excelente cultivar de pêra destinada ao comércio de fruta fresca
(Campo Dall’Orto et al., 1996).
Devido às características físico-químicas dos frutos, a pereira ‘Culinária’ se
presta especialmente a fabricação de doces, além de ser uma excelente opção
para as regiões de inverno ameno (Chagas et
al., 2007). Em relação à pereira ‘Seleta’, estudos de seleção de
porta-enxertos para regiões subtropicais devem ser realizados, uma vez que
sobre os marmeleiros em estudo, a mesma não apresentou boa eficiência
produtiva, produzindo apenas
Quanto aos porta-enxertos, verificou-se bons
resultados com a utilização dos porta-enxertos de marmeleiro ‘Champion’ e
‘Mendoza Inta-
O bom comportamento do porta-enxerto ‘Mendoza Inta-
O cultivo da pereira apresenta dificuldades associadas
à necessidade de reduzir o porte das plantas, com isto, os porta-enxertos
francos vem sendo substituídos por porta-enxertos de marmeleiro. Deve-se tomar
alguns cuidados no momento da escolha do porta-enxerto. Conforme descrito por
Strydom (1998), um bom porta-enxerto deve apresentar como características:
compatibilidade com as cultivares comerciais, facilidade de propagação, controle
do vigor da planta, indução de frutos de tamanho grande e ser adaptável a
diferentes condições de solos.
O porta-enxerto é de fundamental importância na
formação de uma muda frutífera, visto que ele pode interferir no
desenvolvimento e vigor da copa, na precocidade de produção, na quantidade e na
qualidade da produção, no adiantamento ou atraso da maturação dos frutos, na
resistência a inúmeras pragas e doenças, bem como na capacidade de adaptação da
planta à condições edafoclimáticas desfavoráveis, preservando as
características fundamentais das copas desejadas (Hartmann et al., 2002). Entretanto, embora o uso de
plantas obtidas por enxertia seja uma prática comum, deve-se ressaltar a
dificuldade relacionada à falta de afinidade entre enxerto e porta-enxerto,
principalmente quando se trata de enxertia intergenérica, que deve ser mais bem
estudada (Fachinello et al.,
1999).
Barbosa et al.
(1996), que citam que os cultivares de pereira adaptados para regiões de clima
subtropical, apresentam bom desenvolvimento quando enxertados em seedlings de
‘Taiwan Nashi-C’ (Pyrus calleryana Dcne.)
na fase de formação de mudas. Além disso, Loreti e Gil (1994) citam que os
porta-enxertos do gênero Pyrus são utilizados em pomares de pereira de
baixa ou média densidade e os marmeleiro para pomares de média a alta
densidade.
CONCLUSÕES
1. A pereira ‘Primorosa’ destacou-se quanto a produção e
produtividade.
2. Para a pereira ‘Primorosa’, recomenda-se a utilização
dos marmeleiros ‘Champion’ e ‘Mendoza Inta-
3. Novos estudos de seleção de porta-enxertos para
regiões subtropicais devem ser realizados para a pereira ‘Seleta’.
LITERATURA
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